Aparentemente, não há nada de mais em permitir ou incentivar que meu filho use roupas de super heróis, como mulher maravilha e super homem. Esses heróis fazem parte do imaginário não apenas das crianças, como também dos homeninos (uma mistura de homem que ainda não deixou de ser menino), causando, nos pequenos, uma espécie de emulação de uma realidade vitoriosa, através dos poderes específicos de cada herói. Não, meu ponto não é condenar essa prática de se usar roupas de super heróis, dizendo que o único herói é Jesus Cristo, ou mesmo dizendo que o pai é o maior dos heróis. Pode haver um problema mais profundo que esse.
Já ouviram falar na teologia da "confissão positiva"? Esse método de suposto avanço da fé, típico de igrejas neopentecostais, consiste numa espécie de poder mágico que alteraria a realidade concreta do indivíduo apenas pelo poder da fé e, sobretudo, através da palavra declarada. O leitor já deve ter ouvido bizarrices como "determine, declare, fixe em sua mente tal vitória e ela será sua..." Nada além do que a velha e trágica teologia da prosperidade. Ora, o que isso tem a ver com as roupas de supor heróis?
Os adeptos dessa hipnótica forma de manipular a massa mais vulnerável espiritualmente sabem que o homem vai adaptando sua aprendizagem a partir de métodos repetidos de declaração mental. Quando, então, a "Confissão Positiva" é usada naqueles que carecem de uma segurança emocional, esse método se mostra rapidamente aparentemente bem sucedido, pois cada vez mais e mais pessoas papagaiam em favor de seu próprio sucesso pessoal, acreditando realmente que aquilo que declaram irá acontecer. Diante disso, olhemos para a nossas crianças super heroínas. O que está sendo ensinado inconscientemente a elas quando todo o universo de conquistas, poderes, vitórias, fama, poder, magia, etc permeia todo o contexto da roupa que se usa, ou da temática da festa de aniversário? Percebe que o problema não é a roupa em si? Ela é apenas um pequeno meio totalmente inofensivo. Meu ponto está no ensino implícito que se passa através de uma cultura de empoderamento infantil, na qual não há um tato com a queda, com o pecado, com a miséria humana, com a depravação, etc, sendo poucas as crianças que são incentivadas a usarem, metaforicamente, roupas de pano de saco e cinza (Salmo 35:13-14; Isaías 15:1-3; 32:9-12; Ezequiel 27:29-32; Joel 1:8,13; Amós 8:10; Salmo 30:8,10-11; Mateus 11:21; Lucas 10:13)
Seu filho conhece a realidade dura, cruel e miserável do pecado? Ele odeia suas próprias práticas pecaminosas? Ele sabe que em si mesmo não há absolutamente nada digno e que se assemelhe aos super heróis? Por fim, ele sabe que ele me só necessita do Único que realmente tem todo o poder genuíno? Não pense que meu objetivo, neste texto, é acabar com a imaginação infantil. Se pensa ainda, talvez não tenha mergulhado mais a fundo no real problema do empoderamento infantil aparentemente inofensivo. As nossas crianças são umas gracinhas, fofas e delicadas, mas, ao mesmo tempo, são mostrinhos depravados, dignos do inferno, miseráveis pecadores. Particularmente, creio que um dos meios seculares usados para impedir esse entendimento da miséria humana desde cedo é esse tal endeusamento infantil. Cuidado. Não desconsidere esse alerta. Reflita.
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