Não é nada atual essa digladiação entre Calvinistas e Arminianos quanto à melhor posição bíblica quando o assunto é o método de salvação divino. Por trás da pergunta "há participação humana na salvação?" estão escondidas respostas como "é inadmissível que eu não faça nada para ser salvo. Eu sou bom e faço boas obras. Eu tive que aceitar. Eu que dei a palavra final. Logo, sem mim, Senhor, nada podeis fazer". Obviamente que essas respostas não surgem no nível da consciência, pois o coração enganoso jamais permitirá que elas estejam na superfície. Esse tipo de pensamento é natural ao homem natural, uma vez que a principal raiz do pecado, após a queda, se chama orgulho. Portanto, a verdadeira batalha soteriológica não é sobre Calvinista e Arminianos, mas sobre a Graça X Orgulho.
A eleição divina é a maior graça dada aos homens, mas não apenas com fins de glória eterna, como também para incliná-los à santificação presente. A Graça Salvífica é a maior inimiga do Orgulho Prepotente do homem que luta intelectualmente para não se render ao amor gracioso. Uma doutrina que diz que o homem é tão miserável que nem a própria fé para crer em Deus vem de si mesmo (Hebreus 12.2); que, em outras palavras, diz que Deus veio em carne para fazer o que nenhum homem tinha capacidade de fazer; e que diz que aquilo que os homens chamam de bom Deus chama de trapos de imundície (Isaías 64.6) só pode provocar reações contrárias dos homens. Essa é a razão pela qual todo ímpio tem uma visão arminiana das obras. A eleição, então, é um soco no estômago do orgulho e uma benção ao cristão que deseja a piedade, pois essa doutrina sempre irá sussurrar nos ouvidos daqueles que amam a Deus:
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2.8-9)
Em outras palavras, esse método salvífico foi a principal raiz de santidade que Deus plantou no homem, mas, infelizmente, muitos profanam essa graça, preferindo a carnal teologia das obras, que conduz o homem ao sentimento de autossuficiência através do profundo desejo de dizer "eu tive que aceitar a salvação". Não há nada mais satânico que o desejo de guerrar contra a Graça de Deus.
Sendo a doutrina da eleição essa benção também de santificação, nada há também de mais contraditório que um cristão orgulhoso, sobretudo de seu conhecimento doutrinário. Dentre tantas possibilidades de orgulho, a mais esquisita é o que há na vida de certos calvinistas que se acham superiores aos arminianos apenas por terem um entendimento soteriológico correto. Caro irmão, você foi salvo pela graça, e você diz saber disso, então por que ainda tem esse ar de prepotência, como se soubesse alguma coisa por si mesmo? Sem essa graça salvífica, você continua sendo um porco devasso, indigno, depravado e digno do inferno. Se, mesmo sabendo disso, algum cristão, seja calvinista ou não, ainda se sentir orgulhoso de algo, principalmente de suas supostas boas obras para a salvação, ou de uma alta intelectualidade sobre ela, pode ser que a eleição nunca tenha alcançado tal pessoa.
Graças a Deus que a salvação é unicamente pela graça. Isso é tão maravilhoso que ela pode alcançar inclusive aqueles que discordam dela. Por isso, encerrando meu texto, não tenho problema em chamar arminianos de irmãos. Todavia, tenho a plena convicção de que a graça salvífica está sobre os eleitos dentre eles apesar de seus erros doutrinários e não por causa deles.
Rodrigo Caeté
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