Pular para o conteúdo principal

Defraudação: a luxúria velada

 

Se você se interessou por ler este texto, creio que seu coração deseja, de verdade, ser santo. Há muitos por aí procurando saber qual é a vontade do Senhor para determinadas situações da vida, sobretudo na área dos relacionamentos, mas nem todos querem ser santos nesta área. Ora, querer saber a vontade do Senhor sem querer ser santo é uma incongruência sem medida: 

"A vontade de Deus é esta: a vossa santificação; por isso, afastai-vos da imoralidade sexual." (1 Tessalonicenses 4.3) 

Eis aí a vontade de Deus. Seja santo. Não sabe ainda o que é para fazer, qual decisão tomar ou por qual direção ir? Seja santo. Essa é sua principal certeza hoje. Seja santo. Escrevo isso porque a falta de santidade nos relacionamentos tem feito muitos defraudarem seu próximo emocional e espiritualmente. É isso que desejo desenvolver a seguir, pois a quantidade de traumas emocionais decorrentes do despertar dos desejos ilícitos tem sido assustadoramente elevada. 

Quando o apóstolo explicita que a vontade de Deus é a santificação, assim prossegue na sequência: 

"que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação." (1 Tessalonicenses 4.4-7) 

Paulo ensina que os desejos desenfreados são efeitos de uma vida ímpia, já que os santos recebem o Espírito Santo que frutifica domínio próprio contra o pecado (Gálatas 5.22-25). Esses que vivem entregues à lascívia "não conhecem a Deus", pois usam seus corpos como meios de obtenção de prazeres rápidos e ilusórios, em detrimento ao eterno e supremo prazer, que é Cristo. Agora, o que chama a atenção nessas palavras paulinas é o alerta quando à defraudação: 

"nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão" 

Como podemos defraudar um irmão? Quero sugerir alguns níveis, desde os mais absurdos até os mais sutis, estes que muitas vezes achamos normais. Explanarei abaixo em forma de contagem regressiva: 

3) Querer sexo, mas sem compromisso - Esses são aqueles que desejam usar o corpo alheio apenas como objetos de prazer. Não há qualquer sentimento, respeito ou amor. É o prazer pelo prazer. Esse é o nível mais baixo da defraudação. Infelizmente, muitas meninas se permitem ser defraudadas apenas porque querem sentir o prazer da aceitação, da atenção e de ser vista como "prazerosas". É a busca pela satisfação dos desejos emocionais. Na verdade, elas estão em busca de seus prazeres pessoais, que são apenas um pouco diferentes da forma como muitos homens buscam. Elas estão, portanto, a defraudar também seus "parceiros sexuais". 

2) Querer compromisso sério, com sexo, mas sem casamento - Aqui estão aqueles que namoram, têm uma vida sexual ativa, mas não desejam se casar por N motivos. Há muito conforto numa vida sem compromisso matrimonial no cartório, dizem. Entretanto, diferente do que pensam, estão a defraudar também um ao outro, desrespeitando fundamentais princípios bíblicos quanto a um matrimônio santo. União baseada no sexo, mas fora do casamento, é chamada de fornicação. 

1) Querer suposto compromisso, sem sexo, aparentemente santo, mas sem planos concretos de casamento - Toda união deve visar um casamento. Ninguém deveria iniciar qualquer relacionamento sem antes ter plena certeza de um matrimônio. O problema é quando um mostra insegurança emocional para prosseguir na relação. Nesse caso, alimenta-se esperança no outro, mas sem nenhuma segurança. Essa é uma forma sutil de defraudação, pois desonra os desejos santos do outro quanto ao matrimônio. Piora a situação quando o inseguro termina a relação (que nunca deveria ter iniciado) e deixa mágoas profundas naquele que ainda nutria esperança de mudança e compromisso matrimonial. Deus, certamente, detesta esse tipo de defraudação. 

Veja, por exemplo, como Paulo encerra o texto sobre a degradação: 

"porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação." 

O casamento é a base do cristianismo, e a defraudação é uma das expressões de desprezo pelo Evangelho. Deus irá se vingar de todo aquele que desprezou a sacralidade da relação homem e mulher, sobretudo daqueles que se relacionaram com quem não deviam, defraudando seu próximo, e jamais se arrependeram, mas vivem na rotina despeitosa com seu amante. Portanto, se alguém que me lê se encontra em qualquer dos estágios de defraudação, eis o tempo oportuno para o arrependimento e a purificação da relação, pois, como afirma o apostolo, essa é a vontade de Deus: a vossa santificação.

Rodrigo Caeté 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém explica Deus? Uma análise "preto no branco"

Este texto é uma análise da música “Ninguém explica Deus”, da banda Preto no Branco. Esta música tem feito sucesso no meio gospel , e, como a maior parte da música evangélica atualmente, também tem influenciado bastante na teologia nacional. A questão que se levanta é: será que a teologia pregada (Lutero dizia que a música é a teologia cantada) – direta ou indiretamente – por meio dela está correta? Ela está explicando  acertadamente sobre Deus? Sendo sincero com os autores da letra, dá para entender o que eles estavam querendo dizer com esta música. Penso que a ideia é que, em última análise, nenhum ser finito e criado consegue por força própria c ompreender e explicar o SENHOR na Sua totalidade. Isso é um fato indiscutível! A questão é que entre o que se quer dizer e o que se diz pode haver um abismo gigantesco, e é aí que reside o problema! Em suma, a música congregacional existe para que todos, tanto a pessoa simples e menos culta, quanto a que tem um nível est

Santificação Psicológica e Rituais Evangélicos

No nosso arraial evangélico, sobretudo em momentos de retiro espiritual e encontros de casais, é comum depararmo-nos com um ritual chamado “culto da fogueira”. Quem nunca participou de um, não é mesmo? Esse ritual tem o objetivo psicológico de “queimar”, por assim dizer, os nossos pecados cometidos. Não ouso negar sua eficácia emocional, pois eu mesmo já “senti” que meus pecados foram expurgados na hora em que o bendito papel estava sendo queimado. Que momento psicologicamente maravilhoso e emocionante.  Além do “culto da fogueira”, recentemente me deparei também com o ritual “oração a Deus por meio do balão de gás”. A questão era simples: deveríamos escrever nossos pedidos de oração numa pequena folha de papel e colocar dentro de um balão, que seria inflado com gás e subiria “aos céus”. Não duvido que muitos, vendo aquele balão subindo até sumir da vista, sentem que suas orações chegam lá. Que estratégia emocional e psicológica magnífica! Bem, qual é o problema disso tudo? Tudo.  Assi

DA SÉRIE: LOUVORES HERÉTICOS - LINDO ÉS

Existem algumas músicas que falam do desejo de humilhação de quem canta. Geralmente é assim: "Eu quero me humilhar diante de Ti Senhor", ou algo parecido. O grande problema é que o pressuposto desse clamor é um estado natural de exaltação, o que é um equívoco ao se tratar de um ser humano. O único que de fato se humilhou aqui na terra foi Jesus Cristo. Quando Paulo fala em Filipenses que Ele se esvaziou de sua glória e se humilhou, em outras palavras o apóstolo está dizendo apenas uma coisa: ELE SE TORNOU HOMEM! Cristo não deixou os seus atributos divinos justamente porque ele continua sendo 100% Deus; o humilhar-se dele é o SER UM DE NÓS, HUMANO! O ponto é que ser humano já é um estado de humilhação! Já somos por natureza humilhados. Então, meu amigo querido, não existe a opção "quero me humilhar", a não ser que você seja Deus, o que não é o caso. O que existe é: "eu reconheço meu estado triste de humilhação!" Uma boa canção exige uma do