Aposto que você que está me lendo agora também é um racista de primeira linha. Não me diga que nunca usou expressões como “denegrir”, “judiar”, “fazer nas coxas”, “criado-mudo”, “meia tigela”, “mulato”, “mercado negro”, “lista negra”, etc. Para cada palavra ou expressão dessas aí, há uma história supostamente racista. Pelo menos, é o que garante os militantes progressistas (ou regressistas) de plantão. Pois é, a coisa está realmente preta!
Recentemente, viralizou na redes sociais um corte de vídeo no qual uma repórter correspondente da TV Globo nos Estados Unidos foi repreendida ao vivo por um colega de profissão por ter usado a palavra "denegrir". Sabe quando o constrangimento é tão grande que você sente vergonha alheia? Essa, inevitavelmente, foi a sensação de muitos ao verem não apenas essa correção ao vivo, como também a repórter corrigida ceder a patotinha ideológica que nada sabe de língua portuguesa, mas apenas de militar em prol do caos.
Como professor de língua portuguesa, recorri ao dicionário e à raiz etimológica para ver o real significado dessa palavra. De modo geral, os dicionários online consultados definem como segue esta palavra:
"Tornar escuro, com aspecto obscuro, sem brilho; obscurecer: a sujeira denegria os móveis.
[Figurado] Manchar a reputação de algo ou de alguém; difamar (esta acepção pode ser considerada ofensiva): os boatos denegriram a imagem da empresa; ele se denegriu com o escândalo de corrupção. Reduzir a transparência de; manchar-se: denegrir um tecido. Etimologia (origem da palavra denegrir). O verbo denegrir tem sua origem do latim "denigrare", que significa manchar a reputação de alguém ou tirar o mérito de."¹
Como a língua é viva, podendo sofrer mudanças ao longo do tempo, ainda que "denegrir" tivesse uma etimologia claramente racista, o mesmo não se poderia dizer hoje, uma vez que o real significado atual é unicamente o de difamar. Intencionalmente, ninguém usaria, em sã consciência, esta palavra a fim de insinuar alguma cor de pele de seu próximo. Talvez apenas estes racistas marxistas falariam com esta intenção, já que não tiram esse suposto significado da cabeça.
No fundo, o que se observa com toda essa translouca militância é uma moderna inquisição linguística imposta por uma elite minoritária a serviço da agenda marxista de destruição de tudo. Se a língua apresenta algum padrão, esse tal padrão remete à ordem e organização. Logo, nada mais justo, segundo a ótica regressista marxista, do que caotizar a linguagem com um temperinho de rebelião entre os falantes. O falante comum não está nem aí para essas expressões supostamente racistas. O cidadão humilde e simples, que é maioria em nosso país, não vai falar "criado-mudo”, referindo-se ao objeto conhecido com este nome, tendo uma intenção racista na fala. Novamente, isso está apenas na cabeça de quem vê racismo em tudo, ou porque não tem o que fazer, deixando a mente ociosa para ser oficina de Karl Marx, ou porque esta pessoa é realmente a única racista da história, já que enxerga o mundo apenas como brancos e pretos guerreando. No fim, o que vemos é uma política de bom-mocismo hipócrita, com uma sinalização de virtude ensoberbada, cujo falante se transforma em um fariseu da linguagem. Vejamos quais serão as próximas palavras a entrarem na lista negra ideológica.
Notas
1. Disponível em <https://www.google.com/amp/s/www.dicio.com.br/denegrir/amp/>
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