"O Cristianismo vai acabar, vai diminuir e sumir. Hoje nós somos mais populares que Jesus. (...) Não sei o que vai acabar antes, se o rock and roll ou o cristianismo”.
À princípio, essa declaração não teve grandes repercussões na Inglaterra. Todavia, meses depois de tal afirmação, em 29 de julho de 1966, foi republicada na revista norte-americana Datebook. Foi, então, que começou a crucificação daquele que se achava mais popular que Jesus. A vida de Lennon virou um inferno e, em cada entrevista, tinha que se explicar quanto ao que falara. Como consequência, inúmeros grupos cristãos e estações de rádio organizaram um boicote nacional à conhecida banda de Liverpool. Até à temida Ku Klux Klan estava na cola de John Lennon. Certamente, sua vida nunca mais foi a mesma, embora tenha havido posteriormente um pedido público de desculpa, indicando que sua fala havia sido tirada de contexto.
Conforme sabemos, John Lennon foi assassinado mais de uma década depois, em 1980, por Mark David Chapman, um autodenominado cristão que, entre seus motivos, estavam as opiniões do cantor sobre religião e, sobretudo, a infeliz frase: "mais populares que Jesus". Ora, foi punição divina? Deus usou Chapman para punir Lennon por sua arrogância?
Não podemos, em hipótese alguma, pôr Deus como autor ético dos males da sociedade. Não podemos atribuir ao Senhor qualquer menção de associação com o pecado. Entretanto, da mesma forma não podemos tirar Deus de qualquer ação, reação ou acontecimento dessa terra. Como soberano que é, a mão dele está por traz de absolutamente tudo. Não há nada que se possa dizer "Deus não está nisso". Ele move todas as coisas, inclusive as pecaminosas, mas sem se envolver eticamente, já que todo mal provém unicamente dos seres diabólicos e dos homens. Dito isso, devemos concluir, nesse primeiro momento, que Deus moveu mecanicamente Chapman a tirar a vida de John Lennon. Mas como punição divina?
Sinceramente, essa pergunta não pode surgir de quem tem uma cosmovisão cristã. A morte é uma punição a todos nós (Gênesis 2.17), e o ímpio vive em lugares escorregadios a ponto de cair a qualquer momento no inferno (Salmo 73.18). Eles estão nesse exato momento debaixo da ira de Deus. Já estão em punição (Efésios 2.3). Isso significa que tanto a morte de John Lennon como a morte de qualquer outra pessoa é uma punição divina. A diferença é que para os ímpios, a morte é o início de sua morte eterna, onde estará bebendo por toda eternidade o puríssimo cálice da ira de Deus; todavia, para os cristãos, a morte será um belo aio a nos conduzir à vida eterna, onde estaremos para todo sempre nos deliciando com a presença de Cristo.
Agora, quanto a uma punição específica em relação a fala prepotente de Lennon, eu não tenho dúvida de que a mão do Senhor o feriu. Deus não se deixa escarnecer (Gálatas 6.7), e é um justo vingador (Romamos 12.19). Desde o Antigo Testamento, Deus sempre abateu os arrogantes. Um exemplo bastante conhecido é o do Rei Nabucodonosor:
"Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele." (Daniel 5.20-21)
John Lennon foi crucificado socialmente, e abatido pelo Senhor, pois de Deus não se zomba. Como ainda diz a Escritura, "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." (Tiago 4.6)
Rodrigo Caeté
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