Pular para o conteúdo principal

Seremos mais populares que Jesus Cristo

Há exatos 56 anos, no dia 04 de março de 1966, John Lennon, um dos integrantes do grupo de rock The Beatles, fizera uma das declarações mais famosas e infelizmente da história recente. Em uma entrevista concedida à jornalista Maureen Cleave - com quem ele supostamente teve um caso - e publicada inicialmente no London Evening Standard, Lennon disse: 

"O Cristianismo vai acabar, vai diminuir e sumir. Hoje nós somos mais populares que Jesus. (...) Não sei o que vai acabar antes, se o rock and roll ou o cristianismo”. 

À princípio, essa declaração não teve grandes repercussões na Inglaterra. Todavia, meses depois de tal afirmação, em 29 de julho de 1966, foi republicada na revista norte-americana Datebook. Foi, então, que começou a crucificação daquele que se achava mais popular que Jesus. A vida de Lennon virou um inferno e, em cada entrevista, tinha que se explicar quanto ao que falara. Como consequência, inúmeros grupos cristãos e estações de rádio organizaram um boicote nacional à conhecida banda de Liverpool. Até à temida Ku Klux Klan estava na cola de John Lennon. Certamente, sua vida nunca mais foi a mesma, embora tenha havido posteriormente um pedido público de desculpa, indicando que sua fala havia sido tirada de contexto. 

Conforme sabemos, John Lennon foi assassinado mais de uma década depois, em 1980, por Mark David Chapman, um autodenominado cristão que, entre seus motivos, estavam as opiniões do cantor sobre religião e, sobretudo, a infeliz frase: "mais populares que Jesus". Ora, foi punição divina? Deus usou Chapman para punir Lennon por sua arrogância? 

Não podemos, em hipótese alguma, pôr Deus como autor ético dos males da sociedade. Não podemos atribuir ao Senhor qualquer menção de associação com o pecado. Entretanto, da mesma forma não podemos tirar Deus de qualquer ação, reação ou acontecimento dessa terra. Como soberano que é, a mão dele está por traz de absolutamente tudo. Não há nada que se possa dizer "Deus não está nisso". Ele move todas as coisas, inclusive as pecaminosas, mas sem se envolver eticamente, já que todo mal provém unicamente dos seres diabólicos e dos homens. Dito isso, devemos concluir, nesse primeiro momento, que Deus moveu mecanicamente Chapman a tirar a vida de John Lennon. Mas como punição divina? 

Sinceramente, essa pergunta não pode surgir de quem tem uma cosmovisão cristã. A morte é uma punição a todos nós (Gênesis 2.17), e o ímpio vive em lugares escorregadios a ponto de cair a qualquer momento no inferno (Salmo 73.18). Eles estão nesse exato momento debaixo da ira de Deus. Já estão em punição (Efésios 2.3). Isso significa que tanto a morte de John Lennon como a morte de qualquer outra pessoa é uma punição divina. A diferença é que para os ímpios, a morte é o início de sua morte eterna, onde estará bebendo por toda eternidade o puríssimo cálice da ira de Deus; todavia, para os cristãos, a morte será um belo aio a nos conduzir à vida eterna, onde estaremos para todo sempre nos deliciando com a presença de Cristo. 

Agora, quanto a uma punição específica em relação a fala prepotente de Lennon, eu não tenho dúvida de que a mão do Senhor o feriu. Deus não se deixa escarnecer (Gálatas 6.7), e é um justo vingador (Romamos 12.19). Desde o Antigo Testamento, Deus sempre abateu os arrogantes. Um exemplo bastante conhecido é o do Rei Nabucodonosor: 

"Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele." (Daniel 5.20-21) 

John Lennon foi crucificado socialmente, e abatido pelo Senhor, pois de Deus não se zomba. Como ainda diz a Escritura, "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." (Tiago 4.6)


Rodrigo Caeté

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém explica Deus? Uma análise "preto no branco"

Este texto é uma análise da música “Ninguém explica Deus”, da banda Preto no Branco. Esta música tem feito sucesso no meio gospel , e, como a maior parte da música evangélica atualmente, também tem influenciado bastante na teologia nacional. A questão que se levanta é: será que a teologia pregada (Lutero dizia que a música é a teologia cantada) – direta ou indiretamente – por meio dela está correta? Ela está explicando  acertadamente sobre Deus? Sendo sincero com os autores da letra, dá para entender o que eles estavam querendo dizer com esta música. Penso que a ideia é que, em última análise, nenhum ser finito e criado consegue por força própria c ompreender e explicar o SENHOR na Sua totalidade. Isso é um fato indiscutível! A questão é que entre o que se quer dizer e o que se diz pode haver um abismo gigantesco, e é aí que reside o problema! Em suma, a música congregacional existe para que todos, tanto a pessoa simples e menos culta, quanto a que tem um nível est

Santificação Psicológica e Rituais Evangélicos

No nosso arraial evangélico, sobretudo em momentos de retiro espiritual e encontros de casais, é comum depararmo-nos com um ritual chamado “culto da fogueira”. Quem nunca participou de um, não é mesmo? Esse ritual tem o objetivo psicológico de “queimar”, por assim dizer, os nossos pecados cometidos. Não ouso negar sua eficácia emocional, pois eu mesmo já “senti” que meus pecados foram expurgados na hora em que o bendito papel estava sendo queimado. Que momento psicologicamente maravilhoso e emocionante.  Além do “culto da fogueira”, recentemente me deparei também com o ritual “oração a Deus por meio do balão de gás”. A questão era simples: deveríamos escrever nossos pedidos de oração numa pequena folha de papel e colocar dentro de um balão, que seria inflado com gás e subiria “aos céus”. Não duvido que muitos, vendo aquele balão subindo até sumir da vista, sentem que suas orações chegam lá. Que estratégia emocional e psicológica magnífica! Bem, qual é o problema disso tudo? Tudo.  Assi

DA SÉRIE: LOUVORES HERÉTICOS - LINDO ÉS

Existem algumas músicas que falam do desejo de humilhação de quem canta. Geralmente é assim: "Eu quero me humilhar diante de Ti Senhor", ou algo parecido. O grande problema é que o pressuposto desse clamor é um estado natural de exaltação, o que é um equívoco ao se tratar de um ser humano. O único que de fato se humilhou aqui na terra foi Jesus Cristo. Quando Paulo fala em Filipenses que Ele se esvaziou de sua glória e se humilhou, em outras palavras o apóstolo está dizendo apenas uma coisa: ELE SE TORNOU HOMEM! Cristo não deixou os seus atributos divinos justamente porque ele continua sendo 100% Deus; o humilhar-se dele é o SER UM DE NÓS, HUMANO! O ponto é que ser humano já é um estado de humilhação! Já somos por natureza humilhados. Então, meu amigo querido, não existe a opção "quero me humilhar", a não ser que você seja Deus, o que não é o caso. O que existe é: "eu reconheço meu estado triste de humilhação!" Uma boa canção exige uma do