"Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido. Porque tudo o que dissestes às escuras será ouvido em plena luz; e o que dissestes aos ouvidos no interior da casa será proclamado dos eirados." (Lucas 12.2-3)
"Nada há oculto,que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado." (Lucas 8.17)
"E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas." (Hebreus 4.13)
"Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." (Eclesiastes 12.14)
Se isso te assustou, pode ser que sua própria consciência esteja sendo seu primeiro juiz, mostrando-lhe que o que fazes escondido também será será breve vazado. Mas quanto a isso, falarei mais ao final do texto. Há um pano de fundo lamentável para eu escrever esse texto, pois uma declaração condenável foi vazada ontem. Todavia, meu objetivo não será apenas explicitamente lamentar a postura de quem fala nos áudios vazados, mas também lamentar a escancarada hipocrisia de pessoas que não conseguem lidar nem mesmo com a própria consciência, mas julga temerariamente o outro.
No meio político, a maior repercussão desde o dia de ontem, dia 04 de março de 2022, gira em torno do Deputado Estadual por São Paulo Arthur do Val, conhecido como "mamãefalei". Membro atuante do MBL (Movimento Brasil Livre). Arthur do Val decidiu, juntamente com outro membro, Renan Santos, viajar para a Ucrânia em plena guerra a fim de oferecer ajuda humanitária através de doações, etc. Embora muitos tenham falado que essa viagem tinha como objetivo angariar votos para a sua pré-candidatura ao governo de São Paulo, abstenho-me de julgá-lo dessa forma, porque apenas Deus sabe as reais motivações, e muitas pessoas foram realmente ajudadas, embora eu não duvide de motivações eleitorais.
Mas a maior repercussão não girou em torno disso, mas de seus áudios vazados no fim do dia de ontem. Pronto para retornar ao Brasil, Arthur manda esses áudios, segundo ele, para um grupo de amigos do futebol, sendo compartilhado por alguém até vir a público. Entre outras coisas, ele diz o que segue:
"Ah, cara, detalhe: Elas olham. Vou te dizer, elas são fáceis porque elas são pobres. Aqui, cara, minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Funciona demais. Depois eu conto a história. Nossa velho! Não peguei ninguém, mas colei em duas minas, que a gente não tinha tempo."
Independente de suas motivações e ações, uma coisa é clara: Arthur expressou no privado aquilo que um homem natural pensa sem os freios da santidade. Sua fala objetifica diabolicamente as mulheres, rebaixando-as vexatoriamente. Não há como amenizar, portanto, declarações como essas. Dito isso, indago: qual é a surpresa? Qual é a decepção? Por que expressões privadas vazadas causam tanta condenação raivosa? A Escritura é clara quanto à maldade encravada na alma humana:
“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;” (Gênesis 6.5)
“Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (Salmo 14.1-3)
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.” (Isaías 64.6)
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9)
“Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.” (Romanos 3.9-20)
Todos esses textos nos indicam que não apenas o Arthur do Val é um homem vil e depravado, mas absolutamente todos os homens são desprezíveis e merecedores apenas da justa ira de Deus, bem como da condenação pública de todos.
Isso significa que não devemos condenar atitudes como essas do Deputado? É claro que devemos. A Bíblia nos ordena julgar todas as coisas segundo a reta justiça (João 7.24). O que não podemos, e é o que muito tenho visto, é vestir uma máscara de paladino da moral e, hipocritamente, condenar o Arthur como se aquela fala fosse algo inédito e nunca pensado antes. Repito que é uma frase abominável, mas, infelizmente, digna (ou indigna) de muitas conversas privadas de muitos que agora me leem.
Na verdade, condenam o Arthur porque veem nele aquilo que muitos deles são; condenam porque se veem no público representados por este deputado; rangem os dentes porque odeiam se ver de forma tão nua. Este é o estado natural de um homem não santificado. Todavia, essa ainda é uma possibilidade muito presente num homem que já foi salvo, pois este ainda luta contra o pecado, e assim permanece até o fim da vida. A diferença é que nós, pelo poder do Espírito Santo, obtemos vitória contra o pecado, enquanto que os incrédulos seguem o curso natural de sua depravação. No fim, não será um simples áudio a ser vazado, mas, conforme diz a Santa Palavra, todas as nossas obras serão julgadas, e não escapará nenhum pensamento. Por hora, o melhor que muitos podem fazer é escutar as palavras de Cristo:
"com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão." (Mateus 7.2-5)
Rodrigo Caeté
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