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O comunismo e a doutrina do caos

Os ideais marxistas estão mais presentes em nossa sociedade do que imaginamos. Sendo o principal compromisso marxista o descompromisso com a ordem e o belo, tudo aquilo que representa a preservação dessas tradições superiores de organização deve ser destruído, segundo os ideias socialistas. Essa é a razão porque o progressista detesta o que é visto como conservador e ama o caos e a desordem. 

Essa não é tese minha, mas uma declaração feita pelo próprio Karl Marx e Friedrich Engels, no Manifesto Comunista: 

"Os comunistas rejeitam suavizar suas idéias e objetivos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pela violenta subversão de toda a ordem social vigente. Que as classes dominantes tremam de medo perante uma revolução comunista!". 

Embora isso esteja muito mais expresso no manifesto, os marxistas atuais dizem isso abertamente? Dizem que querem o caos da sociedade e a destruição de tudo que conserva a tradição? Não mesmo. Lembro-me da época em que ingressei na UFRJ para estudar Letras, no ano de 2010. Na ocasião, com raro conhecimento de política, fui influenciado a crer que a linguagem padrão era uma forma de opressão, e que deveríamos respeitar todas as formas de expressão linguística. Foi-nos passado muitos livros com essa defesa, dentre os quais, um dos mais famosos, Preconceito Linguístico, de Marcos Bagno. Tivemos que quase decorar essa produção que visava a destruição da ordem na linguagem. Mas como venderam isso pra mim? 

Há muito glamour na apresentação das teses marxistas. Pregam uma suposta hegemonia da classe opressora, que detém o poder maquiavelicamente com o único objetivo de destruir as classes desfavorecidas. Dividindo a sociedade entre nós e eles, pregam que os ricos buscam dominar, nesse caso em questão, a classe operária por meio de uma linguagem inalcançável pelos oprimidos. Coitadinho deles. Esse discurso fazia muitos ficarem emotivos, com desejo de vingança e mudança. Onde estava o alvo? 

Denominamos apenas como eles, independente de quem sejam, ainda que fossem nossos familiares ou cônjuge. Todavia, quem eles representam? Onde vivem? Quem realmente são? Quem é a mente a ser destruída para a vitória final? Parece uma linguagem de muita violência, não é? Mas veja o que mais diz o Manifesto Comunista e veja o que intentam destruir, afinal: 

"Dirão os céticos: "As ideias religiosas, morais, filosóficas, políticas, jurídicas, etc., sofreram várias modificações no decorrer da história. Entretanto, a religião, a moralidade, a filosofia, a ciência política, e o direito sempre sobreviveram a estas mudanças. Além disso, existem verdades eternas, como Liberdade, Justiça etc., que são comuns a todas as camadas sociais. Já o comunismo quer abolir as verdades eternas, abolir todas as religiões e toda a moralidade, em vez de apenas tentar configurá-las de novo. Consequentemente, o comunismo age em contradição a toda a experiência histórica passada.' Ora, mas a que se reduz esta acusação? Ela simplesmente afirma e confessa que toda a história da sociedade se baseou na evolução dos antagonismos de classes, antagonismos que assumiram diferentes formas em diferentes épocas. Porém, qualquer que fosse a forma assumida, um fato é comum a todas as épocas: a exploração de uma parte da sociedade pela outra. Não é de se admirar, portanto, que a consciência social das épocas passadas, a despeito de toda a multiplicidade e variedade de acontecimentos, se manifeste sempre dentro de padrões similares e de acordo com idéias gerais. E isso só irá desaparecer por completo com o desaparecimento total dos antagonismos de classe." 

No fim, não importa se alguém dentre "eles" não seja um religioso devoto, pois se conservar qualquer padrão advindo da religião judaico-cristã deve ser visto como um inimigo. O objetivo final, portanto, é a destruição do cristinismo, pois é essa religião quem ainda preserva toda tradição que fundou a nossa sociedade e ainda nos mantém relativamente de pé. A quem, então, querem atacar, a não ser o próprio Deus? O comunismo odeia a Deus. Permita-me falar com ainda mais clareza: o homem natural odeia a Deus (Romanos 1.18-32), mas aqueles dentre os impenitentes que subscrevem o comunismo odeiam descaradamente o Senhor. 

E se Deus é o alvo, tudo aquilo que aponte para a ordem do Criador deve ser aniquilado. Então, se a linguagem padrão presenva algo bom, deve-se modificá-la com novas filosofias. Eis que temos visto a tal linguagem neutra; se as artes ainda preservam a noção objetiva do Belo, modifiquemos os conceitos e a tornemos subjetiva. Passemos a dizer que a beleza está nos olhos de quem vê. Passemos a defender que a obra de arte é a expressão livre do interior de um artista. Ora, sendo isso verdade, e olhando para a tragédia da arte pós-moderna, quão caótico tem sido o interior de muitos artistas, e quão deturpada tem sido a cosmovisão de muitos apreciadores de artes. Aqui está mais um trabalho bem sucedido do marxismo. Ademais, se o Estado é visto como uma esfera da sociedade administrada pelo Senhor, tendo seus governantes levantados por Deus (Romamos 13), nada melhor que buscar subir ao poder, dominar uma sociedade com mãos de ferro, e projetar certa autoridade divina no Estado. Não é isso que o socialismo faz? Diz que o Estado tem o poder de tudo: das leis, dos filhos, da economia, da saúde, da segurança e controla até nossa liberdade. Seu objetivo é tomar o lugar de Deus, fazendo-se onipresente, onisciente e oniponte. Para encurtar a descrição do caos provocado pelo marxismo já cultural, já que Deus ordenou a sociedade em autoridade e submissão, líderes e liderados, ou, na ótica da esquerda, em opressores e oprimidos, nada melhor que rivalizar todas as classes criadas pelo Senhor. Então, se Deus deu ao homem a autoridade de cabeça, institucionalizaram o feminismo como uma tentativa de subverter isso. Vemos essa quebra de hierarquia em varas esferas: aluno X professor; mulher X homem; população contra Estado de forma ilegítima; mulheres sendo ordenadas a cargos apenas masculinos, como "pastoras"; filhos sendo colocados contra os pais; fora do espectro de hierarquia, mas ainda dentro da noção de guerra entre classes, temos ainda negros X brancos; etc. Esse é o caos que o marxismo sempre desejou, e, em certa medida, foram bem sucedidos. 

Diante desses fatos, qual deve ser a postura do cristão frente os ideiais marxistas? 

Em primeiro lugar, ele precisa conhecer seu oponente. Deve saber que eles odeiam a gente. Sim, por eles o cristianismo seria totalmente extinto. Então, devemos saber com que estamos lidando. Minha recomendação é para que se estude minimamente as táticas marxistas. 

Em segundo lugar, mesmo identificando como inimigos claros, isso não nos impede de amá-los e orar por eles (Mateus 5.44). Não alimente ódio em seu coração. Ame a todos e faça sempre o bem. No que depender de você, viva sempre em paz (Romanos 12.18). 

Em terceiro lugar, seja consciente nas eleições. Não vote em partidos cujas ideias flertem com o esquerdismo, socialismo, marxismo, progressismo e comunismo. Cuidado com tais partidos denominados "centros". Normalmente, quando descem do muro, descem do lado esquerdo desse muro. Não vote, portanto, em candidatos que defendam o aborto, a ideologia de gênero, a supressão das liberdades e o controle social da mídia, o Estado grande, o feminismo, e todo tipo de pauta que fomente a guerra de classe. Então, seja consciente e responsável diante das urnas. 

Por fim, confie em Deus. Ele é o juiz de toda terra. Devemos sempre fazer a nossa parte, lutar por um mundo mais justo e santo, mas, no fim, reconhecer que tudo está nas mãos daquele que controla tudo soberana e sabiamente. Ele é o nosso Senhor e fará tudo para a glória de si mesmo e alegria dos eleitos. Deus te abençoe.

Rodrigo Caeté

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