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O suicídio de Satanás


Em épocas em que o poder e a sabedoria de Satanás são superestimados, eu gostaria de mostrar o quão tolo esse ser foi. Na sua ânsia de ferir a Cristo, o mesmo estava cometendo seu próprio suicídio. Não quero, com isso, por outro lado, subestimar seu extremo poder. Embora não devamos nenhum temor a ele, ao menos devemos humildemente reconhecer que com suas artimanhas não se brinca. 

A Escritura narra que Satanás entrou em Judas para fazer com que este traísse Jesus (Lucas 22.3). No desenrolar da história, este ato culminou na Cruz, onde o próprio Satanás foi destronado. 

Ora, não é estranho para um ser que conhece a Escritura mais que muitos cristãos, e é mais calvinista que muitos por aí (pois reconhece a absoluta e total soberania de Deus), trilhar um caminho da sua própria morte? A questão é que não era vantajoso para Satanás a morte de Cristo, pois isso significaria sua própria morte eterna. Por que, então, ele se suicidou? 

Creio que Satanás sabia e estava vendo na prática que seus esforços para impedir que Cristo fosse para a Cruz tinham fracassado. Ele já tinha tentado Jesus no deserto, oferecendo-lhe um caminho sem sofrimento (Mateus 4.1-11). Essa era a forma de impedir o caminho de sacrifício salvífico de Cristo, e, assim, sua própria condenação. Ele também já tinha lido textos como esses abaixo: 

"E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz." (Colossenses 2.13-15) 

"Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida." (Apocalipse 12.10-11) 

Em ambos os textos, está claro que a crucificação proporcionaria não apenas a redenção aos eleitos, mas a ratificação da condenação maligna. Então, ele sabia disso. O que fazer, portanto? Ouso dizer que sua estratégia final era fazer o maior estrago possível. É como se dissesse: "Vou morrer, mas vou levar gente comigo, e vou fazer esse Filho de Deus padecer bastante". Que sabedoria tola! 

Ele tornou a morte de Cristo mais trágica porque usou um discípulo próximo. E isso deve ter doído muito em Jesus, pois ele amava a todos os seus apóstolos. Além disso, sua morte foi por meio de negações de outros discípulos, muitas torturas, e não pouco abandono. 

Pronto! Cristo fora pendurado no madeiro, e Satanás acabara de cometer suicídio. Na morte de Cristo, o mais tolo de todos e o que teve a morte eterna decretada foi o próprio Satanás. E no fim das contas o seu suicídio cooperou para que tivéssemos vida. A Deus, certamente, toda glória! 

Na verdade, esse ser estava apenas sendo uma marionete nas mãos do Soberano Deus Pai. Em seu próprio suicídio, era o Deus eterno que batia o martelo decretando todas as coisas, inclusive essa. 

Finalizando meu texto, espero ter, minimamente, alcançado dois objetivos: 

1) Diante do real poder de Satanás, uma vez que não podemos subestimá-la infantilmente, espero ter mostrado que, perante o Senhor, ele foi um tolo e derrotado. Foi uma marionete cumprindo os decretos divinos e sendo um servo e agente cooperador de salvação dos eleitos. Portanto, meu convite é para que tu temas mais ao Senhor que a ele. 

2) Na cruz, o Deus-homem morreu, mas ressuscitou, enquanto que o suicídio de Satanás lhe proporcionou, finalmente, o selo da morte eterna. Satanás não ressuscitou, mas Deus está vivo. É ele quem reina, e não o poder das trevas. Ainda que tudo a nossa volta pareça sob tamanha maldade, é Deus quem está regendo sabiamente a história, assim como orquestrou tudo o que ocorreu no crucificação e o resultado foi a nossa salvação. Portanto, meu convite é para que tu creias na bondosa graça divina, ainda que tudo pareça em queda na sua vida. Deus é bom e sábio, e tem cuidado dos seus (1 Pedro 5.7). Então, confie e descanse. 

Deus te abençoe!

Rodrigo Caeté

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