Pular para o conteúdo principal

A negação da introspecção


Não foram poucas as vezes em que fui incitado a falar. Diziam que eu ficava muito quieto e que isso era um problema, já que "o mundo é feito de comunicação e de pessoas extrovertidas". Esse tipo de conselho não é nada piedoso. Aliás, creio ser impiedoso por algumas razões: 

1) A introspecção como meditação é um excelente instrumento para a reflexão e a piedade; 

2) Quem muito fala muito erra (Provérbios 10.19); 

3) "Todo homem seja, pois, pronto para ouvir e tardio para falar" (Tiago 1.19); 

4) Eu sou professor na esfera "secular" e pregador do Evangelho, e sei a importância da comunicação. Nunca tive problemas com isso. Eu sei a hora certa e necessária para falar. É exatamente por isso que acredito ser impiedosa boa parte dessa geração que odeia o silêncio e a introspecção. Ela é aloprada para falar e fica ansiosa com o silêncio; 

5) Isso só constata o grande problema que temos no ocidente: não somos meditativos. Somos o povo da correria; o povo da ocupação; das múltiplas tarefas; dos inúmeros cursos, faculdades e atividades; e tudo isso para não ficar parado, pois ficar "olhando para o teto pensando é coisa de doido" 

Que loucura! 

Louco é quem vive na correria da vida e se esquece do maravilhoso conselho de Kempis: "Não há melhor e mais útil estudo que conhecer-se perfeitamente e desprezar-se a si mesmo".

Rodrigo Caeté

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém explica Deus? Uma análise "preto no branco"

Este texto é uma análise da música “Ninguém explica Deus”, da banda Preto no Branco. Esta música tem feito sucesso no meio gospel , e, como a maior parte da música evangélica atualmente, também tem influenciado bastante na teologia nacional. A questão que se levanta é: será que a teologia pregada (Lutero dizia que a música é a teologia cantada) – direta ou indiretamente – por meio dela está correta? Ela está explicando  acertadamente sobre Deus? Sendo sincero com os autores da letra, dá para entender o que eles estavam querendo dizer com esta música. Penso que a ideia é que, em última análise, nenhum ser finito e criado consegue por força própria c ompreender e explicar o SENHOR na Sua totalidade. Isso é um fato indiscutível! A questão é que entre o que se quer dizer e o que se diz pode haver um abismo gigantesco, e é aí que reside o problema! Em suma, a música congregacional existe para que todos, tanto a pessoa simples e menos culta, quanto a que tem um nível est

Santificação Psicológica e Rituais Evangélicos

No nosso arraial evangélico, sobretudo em momentos de retiro espiritual e encontros de casais, é comum depararmo-nos com um ritual chamado “culto da fogueira”. Quem nunca participou de um, não é mesmo? Esse ritual tem o objetivo psicológico de “queimar”, por assim dizer, os nossos pecados cometidos. Não ouso negar sua eficácia emocional, pois eu mesmo já “senti” que meus pecados foram expurgados na hora em que o bendito papel estava sendo queimado. Que momento psicologicamente maravilhoso e emocionante.  Além do “culto da fogueira”, recentemente me deparei também com o ritual “oração a Deus por meio do balão de gás”. A questão era simples: deveríamos escrever nossos pedidos de oração numa pequena folha de papel e colocar dentro de um balão, que seria inflado com gás e subiria “aos céus”. Não duvido que muitos, vendo aquele balão subindo até sumir da vista, sentem que suas orações chegam lá. Que estratégia emocional e psicológica magnífica! Bem, qual é o problema disso tudo? Tudo.  Assi

DA SÉRIE: LOUVORES HERÉTICOS - LINDO ÉS

Existem algumas músicas que falam do desejo de humilhação de quem canta. Geralmente é assim: "Eu quero me humilhar diante de Ti Senhor", ou algo parecido. O grande problema é que o pressuposto desse clamor é um estado natural de exaltação, o que é um equívoco ao se tratar de um ser humano. O único que de fato se humilhou aqui na terra foi Jesus Cristo. Quando Paulo fala em Filipenses que Ele se esvaziou de sua glória e se humilhou, em outras palavras o apóstolo está dizendo apenas uma coisa: ELE SE TORNOU HOMEM! Cristo não deixou os seus atributos divinos justamente porque ele continua sendo 100% Deus; o humilhar-se dele é o SER UM DE NÓS, HUMANO! O ponto é que ser humano já é um estado de humilhação! Já somos por natureza humilhados. Então, meu amigo querido, não existe a opção "quero me humilhar", a não ser que você seja Deus, o que não é o caso. O que existe é: "eu reconheço meu estado triste de humilhação!" Uma boa canção exige uma do