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O medo como vício e a ingratidão como efeito

Quando juntamos a complexidade da mente humana, com suas mazelas decorrentes da queda, e a tragédia desse mundo em pecado, muitas vezes temos o medo de viver e o temor do futuro como um vício de vida. Isso acontece quando prospectamos naturalmente sempre o próximo medo, ainda que tenhamos superado os anteriores e visto que não fazia nenhum sentido lógico e espiritual dedicar o mínimo de preocupação diante de um mundo sabiamente orquestrado pelo Criador que nos ama. Sabe como esse estilo de vida chega ao coração de Deus? Como a expressão máxima de ingratidão, que é quando recebemos o que não merecemos do Senhor, mas sempre nos comportamos como se ele fosse sempre falhar conosco. Por isso, o medo do futuro, juntamente com seus parentes, como a ansiedade, a preocupação e a murmuração, é uma forma de dizer o quanto Deus é injusto, mau e impotente. 

Exatamente contra esse estilo de vida, Deus ordenou que a ansiedade fosse varrida de nossa existência: "Não andeis ansiosos de coisa alguma" (Filipenses 4.6), nos indicando que ela é uma manifestação de um estado ímpio: "Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;" (Mateus 6.32). Ademais, o medo provocado pela preocupação é uma grande evidência de que não conhecemos e apreciamos profundamente o amor do Pai: "No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor." (1 João 4.18). Não fica claro, diante desses versos, que o medo do futuro é uma afronta direta contra Deus? Ser ansioso é ultrajar a santidade divina e viver como um ímpio que não tem Deus. Ora, esse estilo de vida é um péssimo testemunho contra a nossa fé. 

Atrelado a tudo isso ainda tem a danosa tristeza. O que um cristão abatido e triste diz ao mundo sobre seu Pai? "Deus deve ser um péssimo Senhor, pois esses seus servos vivem preocupados com o futuro, reclamam do presente e ainda murmuram sem parar". Consegue ver o quanto tudo isso testifica negativamente contra o Senhor? Como você poderá falar aos perdidos a sua volta sobre o amor de Deus, a confiança que podemos ter nele e o quanto ele é sábio e poderoso para guiar esse mundo, se nem você acredita na prática nisso? 

Meu foco, nesse texto, não é sacudir você que, vez por outra, se vê nesse poço, mas logo sai. Você está seguindo a caminhada cristã e sabe que a lama do pecado, de vez em quando, nos suja, mas jamais se permite se alimentar dessas alfarrobas como sua iguaria favorita. Minha intenção é cercar você que está viciado em ter medo pelo medo, pois sua vida se resume a reclamar, se entristecer, murmurar, se preocupar e lamentar o fato de a sua vida não ser como vossa excelência deseja. Pode ser que alguns de vocês nem tenham percebido que vivem assim, pois o vício já tinha cegado tal percepção. Então, se você se percebeu assim, quebre esse ciclo imediatamente. Deus é digno de sua santidade, sendo esta sua maior declaração de amor a ele, enquanto que o medo se expressa como ingratidão de alguém que muito se parece com um ímpio. Nunca é tarde para criar novos hábitos que sejam santos e dignifiquem ao Senhor sábio e amoroso que cuida de cada um de seus filhos.

Rodrigo Caeté 

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