Hoje, quero dedicar-me à reflexão de uma música "secular" que, quando me foi apresentada por uma pessoa muito querida, minha primeira reação foi deixar escapar algumas poucas lágrimas. A música se chama "Ela", do extraordinário cantor Tim Bernardes. Se você sofre por causa de toda mazela do pecado, não deixe de ouvir essas música e ler a sua análise aqui sob a ótica cristã.
"Quando acorda olha para o lado
Se veste bonita pra ninguém
Chora escondida no banheiro
Pras amigas finge que está bem
Mas eu vejo
Eu vejo"
Nessa primeira estrofe, o autor nos apresenta dois tipos de pessoas, a que está sofrendo silenciosamente e a que vê esse sofrimento, ainda que o sofredor não saiba que está sendo enxergado. Infelizmente, esse relato de alguém que chora escondido no banheiro, mas finge estar tudo bem diante dos mais próximos é mais comum do que podemos imaginar, e nem as redes sociais podem mascarar isso por muito tempo. Por outro lado, são poucos os que têm olhos graciosos e veem a dor de seu próximo e se compadece. Esses anjos existem, e a Bíblia denomina-os de verdadeiros cristãos que enxergam com as lentes da misericórdia. Quem é você? A que chora escondida no banheiro ou aquele que exala graça e compreensão diante dos que padecem?
"Acha que precisa ser durona
Não dá espaço para a dor passar
Tem um grito preso na garganta
Que não está deixando ela falar
Mas eu ouço
Eu ouço"
Nesta segunda estrofe, o autor acertou em cheio em nosso orgulho quanto ao reconhecimento de que esse grito preso na garganta está nos sufocando. São aqueles que se fazem de fortes, não respeitam a dor e ficam acumulando palavras de choro na garganta. São os que implodem para evitar uma explosão e acabam, muitas vezes, ficando mudos emocionalmente. Todavia, por outro lado, aqueles poucos graciosos estão ouvindo. Eles ouvem ainda que o que sofre não consiga falar. Eles entendem o grito preso na garganta, e conhecem cada palavra escondida lá. Eles existem e ouvem os que se calam.
"Quase como que anestesiada
Vai deixando a vida carregar
Ela sentiu mais do que aguentava
Não quer sentir nada nunca mais
Mas eu sinto
Eu sinto"
E quando os tombos da vida anestesiam nossas emoções a ponto de vivermos sem aquela esperança colorida? Em algum momento, você já se pegou vivendo no automático por desacreditar da vida e de dias melhores? Eu queria te dizer que sinto isso. Eu sei o que você sente, ainda que você não consiga mais sentir sua própria dor. Você não está sofrendo sozinho, pois Deus impede que um santo seja abandonado por sua família da fé. Portanto, ainda que sejam poucos, tem sempre alguém que sente a sua dor, isso se não for você mesmo a sentir pelo seu próximo.
Por fim:
"Qualquer um que encontra ela na rua
Vê que alguma coisa se apagou
Ela está ficando diferente
Acho que ninguém a avisou
E eu digo
Eu digo"
Sabe quando aquele sorriso deu lugar a sisudez da face? Sabe quando a luz da alegria se esvai? Isso nenhum falso sorriso esconde. Caro irmão, talvez você esteja olhando para a sua própria vida e vendo o quanto você mudou e o quanto, quando jovem, tinha tantos planos bons, esperançosos e alegres. Mas no meio do caminho tinha o Pecado. Oh, maldito pecado! Sim, pode ser que você tenha mudado, e há rastros de quedas e frustrações em você. Se ninguém te avisou isso, eu digo, mas não para te desesperançar, mas justamente para dizer que embora o pecado tenha lançado sua pólvora que provoca desastres em todos nós, não fomos deixados abandonados pelo Senhor. Quem realmente nos vê, ouve, sente a nossa dor e diz que estamos diferentes é o Senhor. E ele se compadece de nossa fraqueza não como quem está distante, mas como alguém que veio sofrer no nosso lugar e ao nosso lado.
Portanto, ele te enxerga. Ele vê o seu choro escondido no banheiro. Ele ouve suas orações presas na garganta. Ele sente sua dor e está pronto a dizer que você não precisa ser durão, mas descansar em seus braços. Você pode ter sido mudado por conta das mazelas do pecado, mas o Deus que venceu o maldito pecado te deu uma nova identidade, e ela é de filho de Deus, cuja glória eterna o aguarda. É essa esperança magnífica que deve te ajudar a ver a vida presente com uma alegria sobrenatural, até que você mesmo passe a ser aquele anjo que vê, sente e ouve as dores dos que sofrem.
Rodrigo Caeté
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