Em uma das entrevistas mais aguardadas neste ano quanto ao processo eleitoral presidencial, os representantes do jornalismo profissional da Rede Globo, William Bonner e Renata Vasconcellos, protagonizaram uma mistura de militância esquerdista, torcida organizada pela agonização do entrevistado e traços claros de psicopatia. Não é de hoje que o jornalismo profissional tem manifestado sintomas de decadência. Aquele repórter isento, atento aos fatos, sem emitir qualquer juízo de valor não existe mais. Aquele jornalista técnico, objetivo, frio e profissional morreu. O que mais tem hoje são militantes de esquerda a serviço da lacroesfera e dos bandidos profissionais da política.
O que os estudantes atuais de jornalismo vão aprender quando veem uma entrevista na qual 37% do tempo (15:23 minutos) foram usados pelos entrevistadores? Em alguns momentos, parecia que estávamos diante de mais uma novela da globo, tais as caras e bocas forçadas dos âncoras. Eram tons de voz forçados a fim de provocar sensibilidade no ouvinte, pausas dramáticas, palavras selecionadas a fim de causar espanto, expressões faciais hostis, ares de sinalização de virtude, e, se não bastante, uma interrupção frenética quando Bolsonaro começava a desenvolver um assunto de interesse popular e desinteresse global. Não houve entrevista, mas uma inquisição parcial com o objetivo de constranger o presidente. Alguma surpresa? Nenhuma. Apenas ficou ainda mais evidente o quanto o jornalista profissional morreu e ficou totalmente nu em seu estado de putrefação.
Quanto ao presidente Bolsonaro, sua estratégia foi diferente da adotada na entrevista de 2018. Agora, ele adotou um tom mais ameno a fim de mostrar que não é esse homem desequilibrado que ameaça a democracia. Se era isso, ele conseguiu. Particularmente, não achei a melhor estratégia. Continuo achando a comunicação do presidente ruim, embora tenha melhorado muito. Ele não precisava atacar a Globo, mas poderia ter sido mais firme e incisivo, mostrando a hipocrisia da Globo diante de algumas acusações e apresentando mais os pontos positivos de seu governo. No fim, saiu um zero a zero sem sal, onde ninguém saiu ganhando ou perdendo. Uma pena. Mas tudo poderia ter sido diferente se os profissionais do jornalismo tivessem feito a sua parte. Uma pena também. Resta agora saber como agirão diante da entrevista com o ex-presidiário e descondenado Lula. Aguardemos para termos uma avaliação mais precisa do real estado de putrefação do jornalismo.
Rodrigo Caeté
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