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Revanchismo: o prazer na queda do próximo


Muito já foi falado a respeito de algumas músicas do meio evangélico que propagaram um espírito revanchista entre muitos irmãos e até entre cristãos e ímpios. Foram canções criadas a partir de uma péssima interpretação de certos salmos imprecatórios, nos quais ênfases em regozijo diante da derrota de um inimigo se explicam a partir de um claro contexto de guerra física literal. O nosso contexto atual, contudo, não admite qualquer sentimento de alegria diante da queda daquele que nos persegue de alguma forma ou mesmo nos odeia. A Bíblia é recheada de textos que nos ordenam a imitarmos Jesus amando os nossos inimigos. Mais do que não comemorarmos, nosso compromisso diante do sofrimento daqueles de quem não gostamos deve ser de compaixão e tristeza. 

"Quando cair o teu inimigo, não te alegres, e não se regozije o teu coração quando ele tropeçar; para que o Senhor não veja isso, e lhe desagrade, e desvie dele a sua ira." (Provérbios 24.17-18) 

Ninguém pode dizer que é fácil aplicar isso. Infelizmente, vi muitos cristãos, na ocasião da morte da vereadora Mariele Franco, comemorando a sua morte apenas por ela ser de esquerda e defender pautas anticristãs. Poucos viram que, através de sua morte, era a imagem de Deus que estava sendo atacada. Muitos choraram, sofreram, mas uma ideologia política cegou muitos de exercerem compaixão. O mesmo pode ser dito a respeito do ex-presidiário Lula. Sua queda e prisão, diante daquele que pode ser considerado o maior esquema de corrupção do planeta, deve ser encarado com profundo lamento e tristeza. Podemos ter um senso de justiça e reconhecer a necessidade da condenação, mas jamais com alegria na alma. O alerta divino em Provérbios é direto e claro: "Não vibre, senão posso tirar a minha punição dele e passar para você." 

"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitoscomo perfeito é o vosso Pai celeste." (Mateus 5.43-48) 

Amar os que nos perseguem é uma das evidências de que somos realmente filhos de Deus. Amar quem aparentemente merece é conveniente. Isso é pra ímpio. O cristão é chamado a um patamar superior de santidade. Ele é chamado a imitar a Jesus. Cristo foi para a cruz mostrando amor a pecadores como nós, quando ainda mostrávamos profundo ódio a ele (Romanos 5.8). Nosso amor, portanto, deve ser medido em comparação ao amor de Cristo, devendo ser pelos nossos maiores inimigos. Consegue perceber o quanto certas músicas cristãs revanchistas desonram a Deus e são totalmente antibíblicas? 

Finalmente, devemos buscar aplicar esse princípio a todas as esferas de nossa vida. Eu citei dois exemplos políticos porque estamos próximos de mais uma eleição presidencial, com os ânimos já aflorando ante a polarização que se apresenta. Independente de seu candidato, se és cristão, é chamado a amar "seu inimigo" e orar por ele. Aplique esse princípio em seu trabalho, em sua escola ou universidade, em sua família ou mesmo na igreja. Independente de onde estiver, imite seu Salvador amando seus inimigos.

Rodrigo Caeté

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