Eu, quando adolescente, já quebrei meu braço esquerdo duas vezes. Foi aquela fratura exposta mesmo que nem eu tenho coragem de ver em vídeos, quando o braço fica em formato de "M". Pois bem: certo dia cheguei para minha mãe e disse: "mãe, vou jogar bola". E ela disse: "não vai". Eu saí e fui escondido. Não deu 15 minutos e chega a notícia para ela de que o filho dela estava numa van com o braço quebrado esperando-a para ir com ele ao hospital.
Mas como foi o caso? O tempo estava chuvoso. Como eu era muito bom de bola, joguei a bola na frente de um adversário um pouco acima do peso e sabia que eu passaria fácil por ele. Mas na hora da passagem, com o gramado molhado, nós dois trombamos e caímos. Eu fiquei meio desnorteado, pensando já em levantar para pegar a bola. Até que alguém do outro lado do campo gritou: "ih, quebrou". Eu não senti nada na hora, mas todos falaram que ouviram de longe o estalo da quebra do braço. Só me lembro de olhar para o meu braço e pensar o que todos pensam: "meu Deus, isso está acontecendo comigo mesmo?" A partir daí foi dor indescritível. Eu nem conseguia olhar para o meu braço. Nem dava para mexer minha mão. Mas o pior estava por vir...
Eis que vejo minha mãe com aquela cara de "Eu te avisei". Eu não conseguia olhar nem para o meu braço e nem para minha mãe.
Como morávamos em Búzios (RJ), fomos direto para o hospital de Búzios. Fomos atendidos, mas logo chega a notícia de que eu não poderia fazer nenhum procedimento ali porque o título de eleitor era de Cabo Frio. Fomos considerados cidadãos de outro município. Por isso, não seria possível ser tratado ali. Eis que tenho que esperar uma ambulância ficar disponível para me levar até Cabo Frio. Eu ainda não conseguia olhar para meu braço e nem para minha mãe.
Eu sei que me colocaram em uma ambulância e fomos até lá. Que aflição cada buraco que a ambulância passava. A dor era a dor de dor mesmo.
Chegamos lá e fui logo para a sala do medo. Eu só pensava em como aquele braço ia voltar para o lugar. Eu fiquei sabendo depois que o correto era a cirurgia, mas não aconteceu isso. O doutor preparou o gesso e começou a enrolar em meu braço ainda torto. À medida que ele enrolava, ia caindo a ficha de que seria da pior forma mesmo. Até que ele falou: "preparado?" Eu disse "sim", mas é claro que não né. Ele pediu para minha mãe me segurar e começou a puxar com força. Eu só posso dizer uma coisa: "o meu grito transpôs os muros do hospital". De repente, o médico fala "acabou, acabou". Mas era mentira. Ele ainda deu o último puxão de "misericórdia". Depois ficou segurando até finalizar o gesso. Meu Deus!
Para encurtar a história, depois que tirei o gesso fui orientado a ficar um tempo sem jogar bola. Mas uma semana depois de tirar, tinha aula de educação física, poxa. Eu disse que queria jogar e que iria jogar com cuidado. Até que em um lance bobo, um perna de pau toca a bola errada pra mim e eu me estico, com minha habilidade, para pegar a bola. Eu escorrego e apenas ponho o braço no chão para me escorar. Bem, foi o braço esquerdo. Isso, aconteceu tudo de novo... Não conseguia ver meu braço nem minha mãe.
O que aprendo dessa situação e que lição podemos tirar para nossas vidas?
Por eu não ser considerado cidadão de um lugar, não houve para mim espaço e tratamento. Fui mandado para outro lugar.
Sabemos que ou somos cidadãos dos Céus ou desse mundo. Você já parou para pensar que a nossa maior doença nada se compara a um osso quebrado? Não existe nada pior que a doença da alma. E a gente não gosta de olhar para ela porque é triste a situação. E também não gostamos de olhar para Deus quando não queremos o tratamento dele.
Pense que um dia, assim como aquela van me levou até o hospital, a morte vai te levar até Deus. E dele você pode ouvir duas coisas: "Eis um cidadão dos Céus. Vinde Bendito e entrai." Mas claro que não será mais um hospital, mas o Novo Céu e na Nova terra.
Ou ouvirás dele: "apartai-vos de mim, maldito. Você não é cidadão daqui. Seu lugar é outro." E claro também que esse outro lugar não é outro hospital, mas o Lago de Fogo e Enxofre, o local definitivo onde a ira de Deus será derramada sem mistura.
A pergunta é: quem é você? De onde você é? Qual é sua pátria? Considere pensar nisso e responda com sinceridade para si mesmo. Que Deus te ajude a refletir. Deus te abençoe.
Rodrigo Caeté
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