Pular para o conteúdo principal

DA SÉRIE: LOUVORES HERÉTICOS II - ÚLTIMA CHANCE





Essa é mais uma música para a galeria de louvores heréticos. Comecemos objetivamente pelo coro:
"Eu quero nascer do Teu Espírito
Eu quero matar a minha carne
Fazer Tua vontade, doce Espírito
Que a minha vida seja Tua vida,
Jesus..."

Para que a análise fique fácil, eu preciso fazer algumas considerações:
1) Quem quer nascer do Espírito? Um cristão ou não cristão?
2) A reposta ÓBVIA é que um NÃO CRISTÃO que precisa nascer do Espírito (regeneração/salvação)
3) Mas parece que as igrejas que têm cantado domingo após domingo adotam a interpretação de que é um desejo de um cristão. Agora fiquei confuso: um cristão que já nasceu do Espírito desejando sempre nascer do Espírito? Eu hein! Isso é hilário! A redundância da salvação. Isso só se explica se antes de sempre cantar essa música o tal cristão ter "perdido a salvação", o que é impossível teologicamente.
4) Ainda que consideremos essa última hipótese ou mesmo a hipótese de um desejo de nascer de novo por parte de um não cristão, o autor do novo nascimento é o SENHOR. Ninguém naturalmente deseja nascer. Quem age na regeneração é o Espírito, e quanto a isso não depende de nós, muito menos de nosso desejo ou clamor. Só clamamos por Ele e uma nova vida se antes Ele já nos fez nascer de novo. A partir de agora não somos loucos de pedir por um novo nascimento, mas por uma vida de mais santificação. Se é isso que essa parte da letra quer dizer, então ela deveria dizer isso COM PALAVRAS CLARAS E SIMPLES!
Passemos agora para a primeira parte da bendita música:
"Uma chance igual a essa
Talvez eu não tenha mais
Quero estar em Tua presença,
Nem que seja a última vez
Se tiver que gritar, eu gritarei
Se tiver que chorar, eu chorarei
Se tiver que humilhar o meu espírito
Assim o farei, me dá mais uma chance"

Nem preciso falar do claro teor apelativo e emocional, né?! É evidente que o objetivo é mexer com o emocional do abatido e desesperado.
O eu lírico dessa estrofe parece ter um deus zangado que prometeu apenas mais uma chance. Não há mais como errar diante desse deus, senão ele manda ver.
Quando eu olho para o Deus da cruz, eu só vejo um Deus completamente amoroso e longânimo. Nunca há com Ele uma última chance. Ele é sempre compassivo e perdoador. (Claro, estamos falando de um relacionamento de um Deus com cristãos genuínos que erram por acidente mas amam a santificação e odeiam o pecado).
Portanto, não faz sentido usar essa estrofe para adorar a Deus. Ele não quer que O vejamos dessa forma. A cruz nos LIGOU PARA SEMPRE!!!
Não preciso gritar, espernear, chorar, pular ou fazer qualquer malabarismo gospel para ter mais uma chance com Deus.
Já estamos na presença de Deus e assim permaneceremos PARA SEMPRE. Não tem última vez nem última chance. O nosso relacionamento É ETERNO!!! Como Paulo coloca em Romanos 8, NADA NOS SEPARA DO AMOR DE DEUS.
Portanto, meu querido irmão, você não precisa dessa música para adorar a Deus, pois ela tem uma pressuposição errada de quem é o SENHOR.
Se erramos a respeito de quem é o nosso Deus, podemos cometer esse grave erro de fazer músicas como essas e cantá-las.
"Eita lasqueira"!
Por mais MÚSICAS ESSENCIALMENTE BÍBLICAS!!!

Rodrigo Caeté

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ninguém explica Deus? Uma análise "preto no branco"

Este texto é uma análise da música “Ninguém explica Deus”, da banda Preto no Branco. Esta música tem feito sucesso no meio gospel , e, como a maior parte da música evangélica atualmente, também tem influenciado bastante na teologia nacional. A questão que se levanta é: será que a teologia pregada (Lutero dizia que a música é a teologia cantada) – direta ou indiretamente – por meio dela está correta? Ela está explicando  acertadamente sobre Deus? Sendo sincero com os autores da letra, dá para entender o que eles estavam querendo dizer com esta música. Penso que a ideia é que, em última análise, nenhum ser finito e criado consegue por força própria c ompreender e explicar o SENHOR na Sua totalidade. Isso é um fato indiscutível! A questão é que entre o que se quer dizer e o que se diz pode haver um abismo gigantesco, e é aí que reside o problema! Em suma, a música congregacional existe para que todos, tanto a pessoa simples e menos culta, quanto a que tem um nível est

Santificação Psicológica e Rituais Evangélicos

No nosso arraial evangélico, sobretudo em momentos de retiro espiritual e encontros de casais, é comum depararmo-nos com um ritual chamado “culto da fogueira”. Quem nunca participou de um, não é mesmo? Esse ritual tem o objetivo psicológico de “queimar”, por assim dizer, os nossos pecados cometidos. Não ouso negar sua eficácia emocional, pois eu mesmo já “senti” que meus pecados foram expurgados na hora em que o bendito papel estava sendo queimado. Que momento psicologicamente maravilhoso e emocionante.  Além do “culto da fogueira”, recentemente me deparei também com o ritual “oração a Deus por meio do balão de gás”. A questão era simples: deveríamos escrever nossos pedidos de oração numa pequena folha de papel e colocar dentro de um balão, que seria inflado com gás e subiria “aos céus”. Não duvido que muitos, vendo aquele balão subindo até sumir da vista, sentem que suas orações chegam lá. Que estratégia emocional e psicológica magnífica! Bem, qual é o problema disso tudo? Tudo.  Assi

DA SÉRIE: LOUVORES HERÉTICOS - LINDO ÉS

Existem algumas músicas que falam do desejo de humilhação de quem canta. Geralmente é assim: "Eu quero me humilhar diante de Ti Senhor", ou algo parecido. O grande problema é que o pressuposto desse clamor é um estado natural de exaltação, o que é um equívoco ao se tratar de um ser humano. O único que de fato se humilhou aqui na terra foi Jesus Cristo. Quando Paulo fala em Filipenses que Ele se esvaziou de sua glória e se humilhou, em outras palavras o apóstolo está dizendo apenas uma coisa: ELE SE TORNOU HOMEM! Cristo não deixou os seus atributos divinos justamente porque ele continua sendo 100% Deus; o humilhar-se dele é o SER UM DE NÓS, HUMANO! O ponto é que ser humano já é um estado de humilhação! Já somos por natureza humilhados. Então, meu amigo querido, não existe a opção "quero me humilhar", a não ser que você seja Deus, o que não é o caso. O que existe é: "eu reconheço meu estado triste de humilhação!" Uma boa canção exige uma do