O mal de Alzheimer, certamente, é uma doença degenerativa muito ruim tanto para a pessoa quanto para a família do doente. Em termos espirituais, podemos dizer a mesma coisa, já que a Escritura nos garante que não teremos Alzheimer na eternidade, nem a física nem a espiritual, pois ambas são ruins, e lá não haverá absolutamente nada ruim.
Neste pequeno texto, pretendo apenas colocar alguns versos bíblicos que comprovam que haverá uma continuidade no que tange à memória quando estivermos, de fato, no Novo Céu e na Nova terra. O mesmo vale para aqueles que estarão eternamente no Lago de Fogo e Enxofre.
É importante, antes, que fique claro que o meu ponto aqui não é falar da memória daqueles que estiverem no estado intermediário – Céu e Inferno – (estado este que nada tem a ver com o de inconsciência ou sono). Isso porque já temos fortes evidências bíblicas de que essas pessoas que estão aguardando o juízo final mostram consciência ou de seus sofrimentos ou clamam dia e noite para que Deus manifeste sua justiça sobre os ímpios. Os dois textos abaixo comprovam isso:
Lucas. 16:19-31: “Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”
Apocalipse 6. 9-11: “Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.”
O meu objetivo, portanto, neste texto, é falar da memória após o Juízo Final. Reconheço que há grandes teólogos que apontam para a negativa de recordações após esse juízo. Um desses renomados teólogos é Millard Erickson que diz que “poderíamos deduzir que não recordaremos de nossos fracassos, pecados passados, nem das pessoas amadas que tenhamos perdido, pois isto introduziria uma pena que é incompatível com ‘Deus enxugará dos seus olhos; e não mais haverá morte, nem pranto, nem clamor ou dor, porque as primeiras coisas passaram’”. É por isso que escrevo esse texto com temor e absoluta humildade. Vejamos, então, o que a Escritura diz a respeito:
1) Em Mateus 22. 23-29, vemos os saduceus questionando a Cristo sobre quem seria o marido de certa mulher após a ressurreição. A resposta de Cristo indica que a viúva e os seus maridos se reconheceriam, mostrando assim uma continuidade em relação a memória terrena; mas, por outro lado, não seriam mais cônjuges, o que indica uma descontinuidade em relação ao casamento, pois estaremos em situação marital com Cristo. Portanto, de acordo com esse texto, teremos memória.
2) 1ª Coríntios 15.35-49 indica que, após a ressurreição final, teremos o nosso corpo glorificado, à semelhança, obviamente, de Jesus Cristo. O ponto aqui não é tratar da imagem ou aparência (se teremos a mesma aparência, o que creio que sim, mas sem as “marcas” do pecado), mas da memória. E quanto a isso podemos perceber que a mente de Cristo, após a ressurreição, permaneceu intacta. Ele sabia de tudo que havia acontecido e conversava com os discípulos da mesma forma que antes. Ou seja, ele não havia se esquecido de nada após a mesma ressurreição que teremos um dia. Este é um claro sinal de que também nos lembraremos de tudo após o juízo final.
Mas e quanto aos entes queridos que forem condenados? Não sofreremos ao saber disso?
3) Romanos 9.1-18 e 11.33-36 nos garantem que, amorosa e voluntariamente, nos submeteremos à soberania de Deus. Vale ressaltar que nossa tristeza no tempo presente se dá em virtude de nosso pecado afetar nosso senso perfeito de justiça. Isto é, no momento sempre achamos que Deus condenar uma pessoa muito querida é algo ruim, mas quando formos totalmente glorificados não haverá mais esse pecado para afetar como olhamos para as ações de Deus. Entenderemos de verdade e de fato que tudo o que Deus faz é reto e justo; e que enviar pessoas amadas para a condenação eterna era a coisa mais justa a se fazer, pois injustiça seria me salva, se não fosse Cristo na Cruz sofrendo a Ira de Deus no meu lugar. Então, embora tenhamos lembranças e saberemos dos nossos entes queridos condenados ao Lago de Fogo, não sofreremos com isso, mas nos alegraremos com a perfeita e reta justiça de Deus.
O ponto é que o nosso amor pela glória e esplendor de Deus vai substituir nossa visão baixa de injustiça aqui da terra. Se todas as coisas foram feitas para a glória dEle, glorificaremos a Ele pela manifestação de sua justiça ao punir os pecadores não arrependidos no Lago de Fogo, pois isso o glorificará também. Nosso amor por Deus e por sua justiça vai superar nosso amor pelos nossos entes queridos.
Portanto, concluímos que todos os salvos de todas as épocas terão suas identidades reveladas pelo Pai, e todos se reconhecerão e terão lembranças das coisas passadas. E verão ainda quão bondoso o SENHOR foi em cada dificuldade e provação que passamos aqui.
Sim, conheceremos de modo mais completo (1ª Coríntios 13.12) e veremos e pensaremos com e como a mente de Cristo. Seremos perfeitos e glorificaremos a Deus por absolutamente tudo o que Ele fez e fará. E faremos tudo isso conscientes de tão grandiosa e perfeita obra que Jesus Cristo veio fazer aqui na terra. Que memória gloriosa teremos!
Rodrigo Caeté
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