À princípio, o título para ti pode parecer heresia, mas creio que no final do texto você irá mudar de ideia. Pretendo mostrar, brevemente, que não necessitávamos apenas da morte de Cristo na Cruz. Precisávamos de algo a mais para entrar no Céu.
Uma pergunta vai nos ajudar no desenvolvimento dessa ideia: se Cristo morresse na infância, por volta dos seus 3 anos de idade, seríamos salvos por sua morte?
Sei que não se faz boa teologia por meio de especulação, mas garanto que essa especulação é boa, pois vai me ajudar a fundamentar uma doutrina pouco enfatizada atualmente.
A resposta a essa pergunta é um enfático não! Não seríamos salvos se Cristo morresse aos 3 anos de idade. Com isso eu não quero dizer que aos 3 anos Jesus não era puro o suficiente para nos salvar; ele era e foi até o fim! Mas o ponto é que não carecíamos apenas de um substituto vicário, alguém que desse a vida em nosso lugar; precisávamos de mais do que isso! Do que necessitávamos?
A doutrina da imputação, ou da transferência legal de nossos pecados a Cristo, é muito bem pregada e aplicada em muitas de nossas igrejas reformadas. Isso aponta para a necessidade de Cristo morrer em nosso lugar para expiar os nossos pecados. Isso significa que, com a morte de Cristo, nossos pecados foram transferidos para ele, sendo Jesus punido pelo Pai em nosso lugar. Pronto: legalmente falando, fomos declarados limpos de nossos pecados. Por assim dizer, nossos pecados foram "zerados", porque Jesus saldou tudo. Em outras palavras, a morte apenas nos garante a retirada dos pecados. Mas será que estar “zerado” de pecado nos garante acesso ao Céu?
Preste muita atenção agora para que não fique um mal entendido. A resposta a essa pergunta é um outro enfático não! Ter os pecados expiados não nos garante o Céu, pois para entrar lá não basta apenas não pecar, é necessário ser totalmente justo.
O ponto é que é necessário ter ativamente obras de justiça que justifiquem nossa entrada no Céu. E de onde vêm essas obras se, por nós mesmos, somos incapazes em vista de nossa morte espiritual? Aí está o X da questão: da vida de Cristo.
Essa é a razão de a morte de Cristo não ser suficiente para nos salvar. Isso porque, junto com a morte, precisamos também da sua vida.
Era absolutamente necessário que Jesus vivesse o tempo que viveu, fosse obediente a todas as leis humanas, fosse batizado, vivesse uma vida íntegra e sem pecado para que toda essa justiça ativa de Cristo fosse imputada a nós. Agora, por transferência legal, somos dignos de entrar do Céu, pois toda a vida pura de Jesus foi doada aos eleitos.
Essa doutrina é o outro lado da imputação (por isso dupla imputação), tão pouco enfatizada em muitas de nossas igrejas. O ponto conclusivo é que necessitávamos tanto da vida quanto da morte de Jesus. A morte nos garante a expiação e a retirada legalmente dos pecados, enquanto que a vida nos garante a justiça e as obras puras necessárias para entrar no Céu.
Que bela doutrina da dupla imputação!
Graças te damos, Jesus, por sua morte. Ela nos livra da Ira de Deus!
Graças de damos, Jesus, por sua vida! Ela nos garante a entrada no Céu!
Rodrigo Caeté
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